Manifesto dos meus 40 anos

Hoje completo 40 anos de idade.

Primeiro de Julho, o meio do ano.

40 anos. Metade da vida?

Bem, é o que dizem por aí, mas, particularmente não sinto esse peso.

Nunca tive problemas com a minha idade. Enquanto muita gente prefere escondê-la, pra mim sempre foi muito natural dizer em alto e bom tom: 35 anos, 37, vou fazer 40 este mês.

Isso não me torna melhor nem pior que ninguém, apenas singular.

E é sobre essas singularidades que quero falar.

Não há o peso mas, sem dúvida, existe a reflexão: Afinal, o que eu quero do alto dos meus 40 anos?

Acho que sou uma pessoa que quer muitas coisas, muitas mesmo.

Pra começo de conversa, eu quero me manter em movimento. Ao longo desta minha existência, venho descobrindo que o movimento me descansa.

Até o trabalho ou até o Uruguai?
Nunca se sabe.

Descobri também que sou uma pessoa dos grandes feitos. Eu quero viajar de moto, mas eu quero fazer grandiosas viagens, quero rodar 500 quilômetros num dia e ter a liberdade de decidir rodar mais 500, ou parar e descansar, contemplar.

Ao mesmo tempo eu quero me deslocar de moto no meu dia-a-dia, me dando ao luxo de pensar em absolutamente mais nada. Apenas focar minha atenção no caminho e no prazer que eu sinto em pilotar e ser dona do meu tempo nestes curtos trajetos diários.

Eu quero poder escolher se eu vou só ou em boas companhias.

Quero saber escolher as minhas companhias, saber valorizar as pessoas que eu gosto e que gostam de mim genuinamente, aquelas pessoas com as quais eu troco momentos, sentimentos, palavras, áudios (tempos modernos), sorrisos ou pequenas gentilezas cotidianas. Eu quero estar aberta a receber o que as pessoas tem a oferecer e também oferecer a elas o meu melhor.

Eu quero ser melhor. Mas, acima de tudo, eu quero me respeitar, me valorizar e saber me posicionar quando não houver reciprocidade destes sentimentos tão importantes pra mim.

Quero estar aberta ao diálogo, ter uma escuta atenta e acolhedora, e me permitir sempre mudar de opinião, pois quanto mais eu penso sobre tudo no mundo, percebo que pouco sei sobre tantas coisas.

Também quero poder concordar em discordar.

Quero ser uma boa profissional, ajudar meus parceiros de trabalho sempre que possível, mas também quero saber me posicionar e cobrar respeito aos meus limites sempre que isso se fizer necessário. Creio que o bom diálogo é a chave de tudo e eu quero sempre saber dialogar com honestidade e atuar em ambientes que me permitam ser quem eu sou, que aflorem os meus talentos pois eles não são poucos, foram (e continuam sendo) difíceis de lapidar. Quero valorizar isso. Me valorizar.

Quero amar o meu corpo, que me conduz pelo mundo e me permite fazer e sentir tantas coisas.

Quero ser sempre fiel aos meus valores, sendo uma pessoa flexível nas ideias, mas que sabe que seus valores e posicionamentos de mundo são inegociáveis.

Quero sempre me lembrar de onde vim e dos ensinamentos valiosos que recebi e que, certamente, permeiam tudo que sou hoje, mesmo que eu tenha mudado de ideia sobre muitas coisas ao ter minhas próprias experiências mundo afora.

Outra faculdade aos 40? Por que não?

Quero continuar me indignando e sentindo a dor de tudo que há de errado no mundo, de toda desigualdade, violência e falta de bondade. Mas também quero saber transformar essa dor em luta, me unir às pessoas que também estão dispostas a isso e fazer algo de bom diante de tantas causas que me são caras, pois essa é minha essência.

Quero me formar psicóloga na universidade, mas também quero questionar, refletir e fazer boas escolhas sobre todas as teorias que eu vou aprender que tratam do comportamento e singularidade do ser humano. Quero saber respeitar essas singularidades. E quero, talvez um dia, usar esse conhecimento para ajudar as pessoas a terem uma vida melhor, com mais equilíbrio, sabendo que muito aprenderei com elas também.

Eu quero deixar minha marca no mundo, mas, principalmente, eu quero deixar uma bela marca na vida das pessoas com as quais meus caminhos se cruzarem.

E eu quero cruzar muitos caminhos, conhecer muitos lugares e criar elos de confiança com aqueles que me abrirem espaço para isso. Quero saber criar estes espaços também.

Quero ser livre e também consciente de minha responsabilidade sobre minhas escolhas.

Quero uma existência leve, mas não rasa. Uma existência que me permita fluir pelo mundo em plenitude, desenvolvendo todo o potencial que eu tenho em mim, aceitando ajuda, sabendo pedi-la e acolhendo minhas limitações, sem que elas me paralisem.

É muito querer, mas, talvez, tudo se resuma a:

Eu quero poder ser eu mesma, sabendo que este eu, segue em construção.

Que a coragem seja minha companheira de vida!

E que haja tempo, para eu conquistar o tanto que quero.

5 comentários em “Manifesto dos meus 40 anos

Adicione o seu

  1. Camila, por n motivos só hj consegui ler. Vc está no caminho certo. Nunca foi uma pessoa rasa.

    Tenho orgulho de te conhecer e saber que vc faz o melhor, não só pra vc mas também pro mundo a sua volta.

    1. Que delícia de comentário para se receber em qualquer tempo. Obrigada Rê, mesmo!
      Espero que a gente se reencontre na vida, mas, de qualquer forma, estamos sempre presentes no dia a dia uma da outra, mesmo que à distância fisicamente.
      Grande beijo!

Deixe um comentário

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Acima ↑